Mandaguari Amarela (Scaptotrigona xanthotricha)
Mandaguari Amarela (Scaptotrigona xanthotricha)
A Mandaguari Amarela, cientificamente conhecida como Scaptotrigona xanthotricha, é uma espécie de abelha sem ferrão nativa do Brasil, amplamente distribuída em estados como Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Reconhecida por sua coloração clara, com abdômen amarelado com listras e asas amarronzadas, essa abelha é um importante polinizador das florestas tropicais brasileiras, contribuindo para a preservação da biodiversidade.
É bem ativa, sua entrada linda fica sempre com muitas abelhas pousadas controlando a entrada e saída das campeiras.
Dizem que é boa para combater a terrível abelha limão, ela defende as outras abelhas de seu meliponário.
Características da Mandaguari Amarela
Essa espécie é conhecida por sua alta população, que pode variar de 2 mil a 50 mil abelhas por colmeia, e por sua natureza defensiva, especialmente em períodos de boa florada ou dias quentes e úmidos. As colmeias são frequentemente encontradas em ocos de árvores grossas na natureza, com uma entrada característica em forma de funil ou corneta, feita de cerume claro (ver foto acima). Os discos de cria, que podem atingir até 16 cm de diâmetro, são dispostos horizontalmente ou em formato helicoidal, envoltos por potes de alimento de 2,5 a 3 cm de altura.
Organização Social
Como outras abelhas do gênero Scaptotrigona, a Mandaguari Amarela possui uma sociedade altamente organizada, dividida em três castas: operárias, zangões e rainha. As operárias desempenham funções variadas conforme a idade, desde o aquecimento das crias até a coleta de néctar, pólen e água. Curiosamente, as operárias possuem ovários desenvolvidos, podendo realizar posturas que, se depositadas antes da rainha, são consumidas por ela. Se não forem consumidas esses ovos podem virar apenas machos, já que serão haploides. Os zangões auxiliam na desidratação do néctar e no aquecimento do enxame, enquanto a rainha, nascida de uma célula real maior, é responsável pela reprodução após a fecundação no voo nupcial.
Criação e Manejo
A Mandaguari Amarela é uma excelente produtora de própolis e pode produzir até 3 litros de mel por ano. Para sua criação, recomenda-se o uso de caixas no modelo INPA, com ninho e sobre-ninho de 20x20x7 cm e melgueiras de 20x20x5 cm, mantendo uma distância mínima de 20 cm entre colmeias. Devido à sua defensividade, o manejo exige cuidados, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), incluindo chapéu com tela e camisa de mangas longas, para evitar que as abelhas se enrosquem nos cabelos ou mordam.
Captura e Conservação
A captura de enxames é comumente realizada com iscas PET de 2 litros, preparadas com atrativos para abelhas sem ferrão. Após a captura, recomenda-se aguardar cerca de 35 dias antes de transferir o enxame para o local definitivo, garantindo sua adaptação. Revisões periódicas a cada 15 dias e alimentação artificial com 50 ml de xarope a cada 3 dias em períodos de escassez são práticas essenciais para o bom desenvolvimento da colmeia.
Importância Ecológica e Cultural
Além de sua relevância como polinizadora, a Mandaguari Amarela é valorizada na meliponicultura por sua rusticidade e resistência a pragas, como os forídeos. Seu mel e própolis são apreciados por suas propriedades medicinais, sendo utilizados em produtos sustentáveis, como cosméticos sólidos. Proteger e criar essas abelhas é uma forma de promover a conservação da fauna nativa e valorizar a rica biodiversidade brasileira.
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