Tem hora para comer, tem hora para limpar a casa

Qualquer um tenha o prazer de ter uma colméia de alguma abelha nativa em casa vai ficar em algum momento de sua vida olhando aquele entra e sai das abelhas. Não há como não se encantar. Por vezes surgem várias dúvidas em nossas cabeças, uma delas, que eu já tive, foi será que ao entrar com comida e ao sair com a sujeira da colméia não pode ocorrer alguma contaminação? Será que cada tarefa tem seu horário?
Bom, achei uma possível resposta a isso num artigo intitulado “The Worker Flow at the Hive Entrance Predicts When Nest Cleaning is Intensified in Stingless Bees”. Em português seria algo como Fluxo de operárias na entrada da colmeia prevê quando a limpeza dos ninhos será intensificada em abelhas sem ferrão. Artigo recente, publicado agora em maio de 2024, estudo de alguns pesquisador, encabeçado por Carlos Fernando dos Santos.
O estudo é focado nas abelhas Tetragonisca fiebrigi, também chamada jataí-amarela, abelha-ouro, jati, abelha-mirim, mosquitinha-verdadeira, sete-portas, três-portas, abelha de botas, minguinho, jatí, yatei, yatai, yateí, jateí e jataí-do-sul , e na Plebeia droryana também chamada de mirim mosquito, mirim, droryana. É uma abelha social sem ferrão, da subfamilia Meliponinae e tribo trigonini de ampla distribuição no Brasil. .

Duas espécies de abelhas sem ferrão (Hymenoptera: Apidae: Meliponini) estudadas neste trabalho. Painel esquerdo: operárias Tetragonisca fiebrigi com duas guardas flutuantes, duas guardas permanentes (fora e dentro do tubo de entrada do ninho). O trabalhador restante (objeto deste estudo) é mostrado removendo um pellet de resíduos entre suas mandíbulas. Painel direito: trabalhadores da Plebeia droryana . Situação semelhante à do painel esquerdo. Porém, P. droryana não possui guardas flutuantes, enquanto aqueles guardas permanentes (um observável) estão localizados apenas na borda da entrada do ninho. Comportamentos ilustrados por Júlia Zuch.
Leiam o resumo e tirem suas conclusões:
Os resíduos produzidos por organismos vivos são comumente descartados como medida profilática para evitar a propagação de doenças e infestação de parasitas. Para os insetos sociais, uma proporção de operárias é alocada para descartar os resíduos fora do ninho da colônia. No entanto, a maioria dos ninhos de insectos sociais tem uma única entrada, onde um elevado fluxo de indivíduos pode criar congestionamento, comprometendo potencialmente as actividades normais de alimentação e o crescimento/saúde da colónia. Aqui, investigamos como duas espécies de abelhas sem ferrão ( Tetragonisca fiebrigi e Plebeia droryana ) lidam com a eliminação de resíduos e atividades regulares de forrageamento, e os impactos dessas atividades no fluxo de tráfego nas entradas dos ninhos. Primeiro, comparamos o tráfego médio de abelhas destinadas às atividades de remoção de resíduos. Em seguida, investigamos as probabilidades de remoção de resíduos à medida que o tráfego de abelhas aumenta. Em seguida, estimamos um valor de corte para prever a probabilidade de que as atividades de remoção de resíduos sejam intensificadas ao longo das viagens de forrageamento. Descobrimos que, em média, o número de abelhas que realizavam atividades de remoção de resíduos era menor do que aquelas que realizavam viagens de forrageamento para ambas as espécies. Além disso, observamos que à medida que o tráfego global de abelhas aumenta, o número de trabalhadores envolvidos na remoção de resíduos reduz ou até cessa. Nossos modelos indicam que o tráfego de abelhas de aproximadamente 15 indivíduos/tempo é uma pontuação de corte, abaixo da qual as colônias investem na remoção de resíduos e acima da qual as viagens de forrageamento aumentam. Sugere que ambas as espécies utilizem as entradas de suas colônias de forma otimizada, ajustando quais tarefas devem ser intensificadas à medida que aumenta o tráfego de indivíduos.
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